O meu nome é João Carreiro conhecido no lugar Eu vou contar minha história pra vocês não duvidar Já estou velho, estou cansado, já não posso carrear Mas o galo quando morre deixa as penas por sinal No tempo que eu fui carreiro muita figura eu fazia Com doze juntas de boi, cabeçalho até a guia João carreiro era falado, conhecido em demasia Quando ele entrava na vila, o povo todo sabia!
Com as dozes juntas de boi caminhava sossegado O carro do João Carreiro tinha um cantar apaixonado Distância de légua e meia quando subia o cerrado Os dois cocões rangedor fazia um dueto chorado Parelha do cabeçalho: Beija-Flor e Manzambinho Parelha de boi de guia: Fortaleza e caboclinho Na subida caminhava, Riachão e Riachinho
Vamos embora Sereno, parelha de Passarinho!
No riacho da Graúna quando meu carro parava Os olhos de uma cabocla meu coração cutucava Na volta lá da cidade de novo por lá passava Os olhos desse malvada de novo me provocava! Assim fiquemos um tempão, cinco mês fiquemos assim Eu com receio dela, e ela com medo de mim Um dia criei coragem, falei com ela por fim Essa cabocla chamava Corina Flor do Alecrim!
O alecrim não tem espinho e é danado pra cheirar E mesmo não tendo espinho, alecrim pode magoar Corina Flor do Alecrim só soube me judiar Me prometeu mil venturas e só me trouxe penar Só tive um amor na vida, tristeza veio me dar Fiquei velho aporreado já não posso carrear Já contei a minha história antes de outro contar Onde meu carro passou ficou rastro por sinal!
Compositor: Raul Montes Torres (Raul Torres) (UBC)Editor: Fermata (UBC)Publicado em 1983 (01/Jul)ECAD verificado obra #20449 e fonograma #488478 em 29/Out/2024 com dados da UBEM