Triste, sozinha, desprezada A vi de madrugada sair de um cabaré Fraca, mostrando que a sorte Destruiu todo seu porte Sem lhe dar vez Magra, vestida sem aprumo A exibir sem rumo Sua nudez Parecia um quadro sem valor Mostrando sem pudor seu corpo sem calor Eu que a tudo sempre resisti Ao vê-la assim fugi Pra não chorar.
E pensar que há alguns anos foi minha loucura Que levou-me até a traição, sua formosura Isso que hoje é um cascalho, foi a doce criatura Que me fez sofrer de amor E perdi honra e nobreza, envolvido em tal beleza Me fiz mau e pecador E fiqei sem um amigo Que vive só e sem fé Que me teve de joelhos Sem moral feito um mendigo quando se foi
Nunca sonhei que a veria Perdida, abandonada Como hoje a encontrei Veja se não é pra suicidar-se Que por este trapo inútil Seja o que sou Era a vingança cruel o tempo Que nos faz ver desfeito O que se amou Este encontro me fez tanto mal Que só por me lembrar Me sinto envenenar Esta noite eu me embriago sim Eu bebo até o fim pra não pensar.
Compositor: H. Santos Discépolo E Lourival Faissal (versão)